Os irmãos José (Zé), Helena, Zilda e Dirce têm gratas recordações da primavera, na época em que viviam em fazenda.
Florada do café
Zé Valizi, 86 anos, diz que as paineiras e os pés de ipês eram o que mais chamava-lhe a atenção; principalmente o ipê amarelo, que se destacava no meio do cerrado. Na escolinha da fazenda, ele é quem subia nos ipês para colher as flores para a professora colocar no vaso.
Mas o que marcou mesmo na lembrança dele foi a florada do café, que “além de deixar tudo branquinho, parecendo um lençol cobrindo a lavoura, era muito cheirosa”, diz ele. E sua irmã Helena Valise Barbosa, 82 anos, ficava também admirada com a florada do café porque “era bonita e perfumada; parecia uma grinalda de noiva”, recorda-se ela.
Flor de jambo
Na fazenda Santa Claudina (do João da Cota), em que moraram, “outra flor linda que sempre me chamava a atenção era a flor de jambo. Era a coisa mais linda de se ver”, diz Helena, que revela sua flor preferida: a rosa.
Já a irmã Zilda Valisi, 79 anos, recorda-se de uma árvore chamada marinheiro, de flores pequeninas. Na primavera, “dava pra gente, da porta de casa, avistar a sua copa, toda florida”. As frutinhas do marinheiro serviam de alimento para os morcegos, observa Helena.
Sabor da infância
Zilda diz que os ipês nasciam naturalmente, no meio da mata. Mas que as paineiras que ladeavam a estrada da fazenda foram plantadas equidistantes, uma ao lado da outra. E quando floriam, era um espetáculo. Zilda ainda diz que tudo aquilo “era o Céu na Terra”, e que todas essas lembranças têm “o sabor da infância”.
A irmã caçula, Dirce Valizi Lima, 70 anos, diz que a escolinha da fazenda ficava numa colônia, de par com a estrada principal que dava acesso às fazendas. A estrada era ladeada por muitas paineiras. “Quando floridas, era a coisa mais linda do mundo. De dentro da sala de aula, sentado na carteira, você olhava pela janela e via as paineiras”, relembra-se.
As borboletas
Dirce e seus saudosos irmãos Alberto e Jonas, nos jardins e quintal da casa, “corríamos atrás das borboletas; era um verdadeiro lençol de borboletas, de todas as cores”, recorda-se ela. “Era uma felicidade ver aquilo ali”, complementa.
Algo em particular marcou para cada um dos irmãos. No entanto, percebe-se que as paineiras, cujas flores caíam e forravam a estrada, proporcionavam um dos mais belos espetáculos da primavera naquele recanto.
Fonte: periódico Miscelânea, edição 2, dezembro/2018.
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