Um dia desses Bernardino viu uma pessoa dirigindo um carro numa movimentada rua do centro, cheia de carros estacionados em ambos os lados. A pessoa que dirigia o automóvel, em vez de olhar para a frente, prestando atenção ao trânsito, olhava para baixo, digitando algo em seu smartphone. Bernardino pensou: “Imagine só se algum pedestre resolve atravessar a rua sem prestar atenção? Ou ainda, alguém que esteja dentro de um dos carros estacionados resolve abrir — distraidamente — a porta do carro? Provavelmente, o(a) motorista que vem dirigindo desatento — por estar olhando para o celular — não conseguirá evitar um acidente, um atropelamento...”
Quanta estupidez
Mas engraçado mesmo foi num outro dia em que Bernardino viu passar uma motocicleta. Além do(a) motociclista, um(a) passageiro(a) ia na garupa. O(a) motociclista pilotava com uma só mão, pois com a outra segurava um telefone celular, para o qual olhava (provavelmente lendo alguma mensagem no WhatsApp). E o(a) passageiro(a) agia de modo semelhante: com uma das mãos segurava-se na motocicleta, enquanto que com a outra segurava o seu telefone celular, também vendo alguma mensagem. Sabe aquele tipo de cena que você presencia e que dá vontade de rir, ao mesmo tempo em que você exclama: “Quanta estupidez!”? Pois foi isso mesmo o que Bernardino viu e pensou: “Tem gente que não tem mesmo amor à vida. Imagine só se na direção contrária vem outro(a) condutor(a) igualmente distraído(a), no mesmo rumo? Acidente, na certa!”
“Tem gente que não tem mesmo amor à vida.”
E Bernardino vem observando que esse comportamento de digitar no smartphone enquanto dirige o veículo está se tornando cada vez mais frequente. Quem comete esse e outros tipos de infração de trânsito tem a convicção de que não será flagrado pela autoridade fiscalizadora. Bernardino acha que, infelizmente, a vida das pessoas que transitam pela cidade (a pé ou motorizadas) corre risco constante, porque o que ele vê cada vez mais são condutores imprudentes, que teimam em dirigir e olhar ao mesmo tempo para o celular. Tais cenas fazem Bernardino se lembrar do tempo em que, mesmo não havendo tantos veículos, havia uma fiscalização de trânsito mais ostensiva e constante, que coibia as imprudências dos condutores, que em muitos casos as praticavam de modo consciente. E na atualidade, com tantos carros circulando e tornando o trânsito caótico, uma fiscalização ainda mais rigorosa e constante torna-se necessária.
Piloto automático
De tanto testemunhar esses atos de desinteligência, Bernardino lembrou-se de que avião tem piloto automático, e que também já estão testando carros que andam sem motorista. E ficou a imaginar o seguinte: a pessoa entra num carro desses, com piloto automático, dá um comando de voz, falando para aonde quer ir, e o carro a leva ao destino, com todo cuidado, sem atravessar o sinal vermelho no semáforo, sem parar sobre a faixa de travessia de pedestres, sem fazer conversões proibidas, deslocando-se dentro do limite de velocidade permitida, e ainda sendo possível detectar, via satélite, uma vaga de estacionamento próxima ao local de destino. E o(a) “motorista”, que aliás passará a ser um(a) mero(a) passageiro(a), poderá durante o trajeto voltar a sua atenção a outras coisas, podendo até mesmo usar o seu celular despreocupadamente, sem colocar a vida de ninguém em risco. E que venham logo os veículos com piloto automático! Todo mundo vai querer ter um; até o Bernardino...
Quem não consegue largar... Deveria deixar de dirigir...
Bernardino preferiu omitir o gênero de quem conduzia os veículos (nos exemplos citados por ele) para não polemizar sobre a questão “quem dirije pior: homem ou mulher?” Até porque no trânsito a imprudência, a estupidez e a falta de inteligência são praticadas indistintamente por ambos os sexos.
Inaptidão psicológica
Quem dirige, sabe por experiência própria que às vezes somos acometidos por um instante de distração. Então, quando vem um(a) motorista de lá, todo(a) distraído(a), e você está indo de cá, atento ao trânsito — praticando a tal de direção defensiva, ou seja, dirigindo por você e pelos outros — você pode até evitar um acidente. Mas, quando você também está distraído(a), olhando para o seu celular, em vez de prestar atenção ao trânsito, corre o risco de provocar um acidente, com consequências graves e até fatal. E depois, não há nada que você poderá fazer para trazer uma vida de volta ou devolver a uma vítima de acidente de trânsito (que ficou inválida) a sua mobilidade.
E quer saber de uma coisa? Quem não consegue largar o celular enquanto dirige, demonstra inaptidão psicológica para conduzir um veículo automotor. Deveria deixar de dirigir...
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